Nota: esta é uma republicação de um texto publicado em 3 de julho de 2014, data da despedida do meu amigo Roger.
Escrevo esse texto enquanto viajo para realizar uma das missões mais difíceis da minha curta vida. Após conviver por 7 anos com ele, é chegada a hora da despedida. E eu que me considero um cara diferente, meio desapegado demais até, sinto uma pontada dolorida dentro do meu coração. Pode soar frio o que vou dizer, mas nunca sonhei em ser pai. Porém admiro todos os pais e mães que conheço.
Há 7 anos atrás tive a honra de recebê-lo em minha vida. Com cerca de 10 cm, seus primeiros dias comigo foram muito intensos. Praticamente não dormia e eu acompanhava seu ritmo. Foi a experiência mais próxima de paternidade que eu tive. Sim, fui pai do Roger, meu Rottweiler. Vivemos juntos por bons anos até eu sair da casa dos meus pais. Acompanhei seu crescimento e juventude. Dizem que os cães adquirem um pouco da personalidade dos donos, e eu me via muito nele, desde cedo tão ranzinza e carinhoso a seu modo. Tão parecido que assumiu meu lugar na casa. Minha mãe que nunca fora apegada aceitou amá-lo verdadeiramente. Mas como não amar seres tão especiais como esses?
Tão humano quanto pode ser, foi acometido pela mais graves das doenças. O câncer é capaz de punir mesmo quem não merece. Passei por isso no falecimento da minha avó paterna, pessoa das mais guerreiras e generosas que conheci na vida.
Quando cheguei em casa, ele já não tinha mais forças para levantar. Pedia-me com seus olhos cansados para encerrar aquela dor que sentia. E eu como seu pai, aceitei essa ingrata missão. O acompanhei até o último respiro. Ele agora descansa em outro plano, espero eu que sem sofrimento. A vida é curta, frágil e sua partida me faz lembrar isso.
Portanto amigos, ame seus pais, companheiros, amigos e bichos o máximo que puderem. Ninguém esta preparado para a morte e ela é a única coisa certa que nos reserva aqui nesse planeta.